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Família X Parentes: Quando Amar Também Significa Colocar Limites

Uma das grandes causas de conflitos conjugais não está exatamente dentro do casal, mas sim ao redor: nas interferências externas de parentes, sejam pais, irmãos, sogros, cunhados ou até sobrinhos. Muitas vezes, o casamento sofre não pela ausência de amor entre os cônjuges, mas pela falta de limites saudáveis com aqueles que, embora importantes, agora ocupam uma nova posição na vida do casal.

A Bíblia é clara quando diz: “Por isso, deixa o homem pai e mãe, e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gênesis 2:24). Esse versículo não é apenas poético. Ele estabelece uma ordem divina de prioridade e estrutura familiar. O casal não apenas se une em afeto, mas se forma como uma nova unidade. Isso exige uma separação emocional, relacional e até administrativa dos laços anteriores — não para quebrá-los, mas para reposicioná-los.

Eu me lembro que, quando casei, tive que tomar uma atitude abrupta, mas necessária, para encerrar um ciclo e iniciar outro. Durante toda minha vida de solteiro, eu sempre fui um grande parceiro da minha mãe. Saíamos juntos, passeávamos, conversávamos. Eu era o amigo, o confidente, e claro — como mãe, ela tinha uma voz altiva sobre mim, me aconselhava e até direcionava muitas decisões. Mas aí eu casei… .

Já nos preparativos para o casamento, comecei o processo de “deixar pai e mãe” — ainda que lentamente — dando mais ouvidos à minha noiva e não apenas à minha mãe. Porém, mesmo assim, ainda éramos muito ligados. No dia da mudança, lembro-me de levar todos os meus pertences para minha nova casa em um único dia. Só isso já gerou uma dor e um vazio profundos nela. Mas o mais difícil ainda viria.

No dia em que retornamos da lua de mel, minha maãe veio com todo o amor e intensidade de antes, querendo manter a mesma relação de antes do casamento. Em uma decisão importante para mim e minha esposa, ela tentou intervir, dar sua opinião, e fazer prevalecer o que achava certo. Foi nesse momento que precisei, com amor, mas com firmeza, romper o cordão umbilical emocional. Com voz altiva, deixei claro: “Mãe, agora minha prioridade é minha esposa. Suas opiniões são importantes, mas não mais decisivas.” E assim e coloquei ela agora no seu lindo e belo lugar de honra o de mãe.

Desde então, nunca mais tivemos esse tipo de intercorrência.

É exatamente esse reposicionamento que muitos casais evitam, por medo de desagradar, por carência, ou por vínculos emocionais mal resolvidos. O problema é que quem não coloca os limites no início, colhe a desordem depois. Muitos casais se separam emocionalmente porque não tiveram coragem de dizer “não” a parentes, mesmo amando-os.

Esse é o desafio de muitos casais: amadurecer emocionalmente para colocar os parentes em seu devido lugar, sem deixar de honrá-los. Sogros, irmãos, cunhados e até sobrinhos podem ser grandes bênçãos, mas quando não há limites claros, os problemas começam a surgir. Há esposas que continuam compartilhando suas decisões mais íntimas com a mãe, enquanto deixam o marido de lado. Outras priorizam tanto os sobrinhos, que o marido sente-se esquecido dentro da própria casa.

Assim como há maridos que consultam primeiro o pai, o irmão ou até um cunhado antes de abrir o coração para a esposa. Isso enfraquece o vínculo, mina a confiança e gera um sentimento de rejeição. E aos poucos, sem perceber, o casal passa a viver como dois colegas dividindo responsabilidades, e não como um só corpo caminhando na mesma direção.

Não se trata de cortar os laços afetivos. Trata-se de colocar cada relacionamento em seu lugar, com maturidade, sensibilidade e sabedoria. O casal precisa aprender a proteger sua intimidade, suas decisões, seus sonhos. Os assuntos internos devem ser tratados internamente. Os conflitos devem ser resolvidos entre eles, com diálogo, oração e discernimento — e não terceirizados a parentes bem-intencionados, mas que não fazem parte da aliança conjugal.

Colocar limites é um ato de amor — consigo mesmo, com o cônjuge, e até com os próprios parentes. É dizer: “Você continua sendo importante para mim, mas agora minha casa tem outra prioridade.” Quando os papéis são claros, a paz reina. Quando cada um entende onde começa e onde termina sua influência, há liberdade e harmonia.

E acima de tudo, é preciso lembrar que o casamento é um projeto de Deus. Quando Ele une duas pessoas, é para formar uma nova história, com novas decisões, com novos laços — alicerçados em intimidade, fé e companheirismo. Tudo o que for contrário a isso precisa ser ajustado. Com amor, sim. Mas também com coragem.

Querido casal, reflitam nisto: sua família é você e seu cônjuge; os demais são parentes, e devem ocupar um lugar especial — mas um pouco mais distante das suas intimidades. Tenham coragem de colocá-los em seus devidos lugares.

Por Marcelo Halley